Radio Viola Bacana

O diabo na rua no meio do redemoinho...
Guimarães Rosa.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Marcos Santos - Chorinho


Paquetá tem uma coisa fantástica que eu não sei o nome. Marcos sabe.


Há certas terças-feiras que surpreendem. Aliás, o que seriam das terças-feiras, se não, ocasionalmente, nos esbofeteassem com um quê de surpresa? Não teriam graça.

Numa dessas terças, estava subindo uma rua no bairro do Méier; era manhã, estava preparado pra dar mais uma de minhas aulas terçafeiriais - e vem descendo o Marcos, com um instrumento musical encapado. Gesticulei de longe, como quem mimetiza um violão no vento, acho que ele entendeu que eu me interessara em saber que instrumento era aquele. Ele esperou eu me aproximar e disse:

-Eu toco bandolim.

-Ah, é?

Começou aí uma amizade frutífera, que ultrapassou os limites pré-vestibulares, regada a música, música, novamente música e comentários sobre Paquetá. Aliás, Marcos é responsável pela minha reaproximação da música, pois, com nossa rotina ignorantemente agitada, fui obrigado a deixar algumas coisas em segundo plano, por conta dos trabalhos nas escolas. Marcos me pescou de volta pra música.

E assim seguiram as terças-feiras.

Eis que, ontem (mantendo a tradição de terças surpreendentes):
"professor, eu fiz um chorinho bacana."

MANDA.

A música vcs podem conferir na nossa playlist, é a primeira música, que Marcos dedicou a seu mestre e amigo, Pedro Amorim. Achei digníssimo. Compartilho.

Grava o nome desse moço. Vocês ainda vão ouvir falar dele.

Vai por mim.

Vale a pena.

(A essa altura, vc já deve ter ouvido a música. Se não, para tudo, bota pra ouvir e volta.)

Agora, seguem algumas informações sobre a vida e criação de Marcos Santos.

Nascido e criado numa ilha situada na baia de Guanabara, conhecida como Ilha de Paquetá, a ilha dos amores, fonte de inspiração para grandes intérpretes e compositores da música instrumental brasileira, tal como Maestro Anacleto de Medeiros, Gonçalves dias, Freire Junior e Hermes Fontes entre outros.

Iniciou sua experiência musical aos 14 anos, onde aprendeu seus primeiros acordes no violão, porém seu desenvolvimento maior como um instrumentista veio aparecer quando passou a tocar cavaquinho e frenquentar rodas de samba entre amigos. Com o tempo, surge a necessidade de conhecer e aprender um pouco mais de seu instrumento -agora o cavaquinho- que tanto se identificara.

Então, numa noite num Samba na Gamboa, conheceu a Luciana Rabello (Cavaquinista). Numa conversa muito agradável, recebeu o “empurrãozinho” que precisava , ela havia o incentivado a estudar na Escola Portátil de Música (instituição voltada exclusivamente para o estudo do Chorinho) dizendo: “Por que não vai estudar garoto?”

Foi ai que tudo começou a tomar um rumo diferente: o gosto pelo choro, a necessidade de mais informações, o estudo aprofundado de seu instrumento e as pesquisas sobre aquele tipo de música.

E nesse meio tempo freqüentando a escola, ouvindo muito chorinho, nasceu uma paixão, antes nunca notada: O BANDOLIM. Foi o Bandolinista Pedro Amorim quem o apresentou esse instrumento maravilhoso , capaz de fazer um apaixonado pela música encher seus olhos d’água, quando bem executado.

A partir daí foram estudos e mais estudo de gêneros musicais e técnicas aplicadas ao bandolim, até compor seu 1º choro chamado “UM CHORO PARA AMORIM” em homenagem ao seu professor Pedro Amorim.

Hoje, continua em busca de aprendizado estudando nas instituições Escola de Música Villa Lobos, Escola Portátil de Música, e pretende em 2012 começar seus estudos em uma das faculdades UNI RIO ou UFRJ, prestando vestibular para Licenciatura em Música, pois, assim como o seu professor, também sente a necessidade de ser mais a um plantar essa “semente musical” na esperança de uma vida melhor para todos aqueles que dessa divindade usufruem.... a ARTE!!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Renata Rosa e o Zunido da Mata


Dia desses, numa usual garimpagem de cds no centro do rio, catando discos aqui e alí, me deparei com a trilha sonora da Pedra do Reino, série do Luiz Fernando Carvalho, que passou na globo, se não me engano, em meados de 2007. Pra quem não é familiar, Luiz Fernando Carvalho é o cara que montou as séries Capitu e Hoje é Dia de Maria. Mas não é dele que eu tô a fim de falar...

Trouxe o cd pra casa, no meio de uns dez cds da leva que fiz. Disco fascinante, pois trabalha de maneira honesta o que se lhe propõe. Cada faixa traz à tona artistas e grupos regionais desconhecidos ao nosso ouvido urbano. Tem ciranda, côco, banda cabaçal e o caralho a quatro (na falta de um melhor etc). Até que chega a faixa oito.

Faixa oito: Assentei Praça - Renata Rosa.

Eu, metidinho a conhecedor de música e cultura regional, ainda não conhecia a mulher. Toda minha ignorância musical escorreu dos meus ouvidos enquanto a música da Renata entrava na minha cabeça. Morri três vezes, arrepiei. Ainda não tive a oportunidade de enfeitar minha coleção de discos com o Zunido da Mata, seu álbum de 2002 (ainda não consegui achar pra comprar) e nem seu último álbum, de 2008, Manto dos Sonhos. Estou à procura.

Mas deixa eu falar da mulher. Ouvi o trabalho dela, e minha estupidez foi abafada consideravelmente. Atriz, cantora, pesquisadora, poeta, compositora e, pra terminar, rabequeira. Seu último atributo foi o que mais me chamou atenção, e me fez procurar mais sobre a fera.

Mas, deixo o site da moça: http://www.renatarosa.com/ O myspace dela você encontra lá. Segue um vídeo antigo, do Rumos Música, onde Renata Rosa toca com seu grupo e ainda fala um pouco sobre seu trabalho.

Ah, a canção Assentei Praça, se te deixou curioso, tá na nossa playlist aí em cima, no topo do blog. Vale MUITO a pena investir seu tempo ouvindo isso.

E segue o vídeo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Dança das Cabeças - Egberto Gismonti

Eu gosto de Egberto.

Simples, quaisquer gracejos me pareceriam pedantes, ou não chegariam ao ponto de realmente dizer alguma coisa coerente sobre a obra do cara.

Egberto é do caralho.

Se você conhece, parabéns, você é um ser esclarecido e vai pro céu.

Se você ainda não ouviu Egberto tocar, fica a dica.

Deixo um vídeo da Dança das Cabeças.


Se existe o demônio na música, é na música de Egberto Gismonti que o diabo dorme.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pena Branca Voou

É camadaras, Lá se foi Pena Branca.

Esse post continua a homenagem ao Pena Branca, iniciada na minha coluna Violas Cariocas.

Aqui sigo com um vídeo, em que o violeiro toca a canção "A viola Quebrou"

Que São Gonçalo o tenha.

Enorme perda.


A viola quebrou (Pena Branca e Aleixinho)

Com viola ou sem viola, ai ai meu Deus
No catira hoje eu vou.
Minha viola caiu, ai ai meu Deus
Bateu no chão e quebrou.

Uma viola quebrada,
Não levo ela comigo.
Vou tocar e vou cantar
Na viola dos amigos

Quando eu passar a viola, ai ai meu Deus
Outro violeiro canta.
Eu entro no sapateado, ai ai meu Deus
Só poeira que levanto

Bato o lenço no pescoço
Quebro meu chapéu na testa.
Sinto a brisa perfumada
Que o vento traz da floresta.

De manhã quando eu voltar, ai ai meu Deus
Carregando o meu cansaço,
Meu amor vem me encontrar, ai ai meu Deus
Me oferecendo seus braços.

Em seguida eu vou pra cama
Depois de um escalda-pé.
Pra me adormecer tranqüilo
Ela me faz cafuné.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Daisy My Love - Almôndegas.

Olá, rapaziada, tudo bom?

Fiz esse post pra continuar a prosa iniciada no último texto da minha coluna Violas Cariocas, se vc ainda não viu, dá lá uma olhada:

O texto do link acima tenta discutir alguns aspectos sobre nossa identidade cultural e sobre, no que tange à música, aquela nossa genuflexão boba pelas coisas americanesas e gringas em geral. E nem é só na música.

Acontece que, enquanto eu redigia o texto, na minha cabeça tocava Daisy my Love, dos Almôndegas. Lembra dos Almôndegas? Lembra sim, a antiga banda do Kleiton e Kledir, lembra sim... caso o camarada não lembre ou não conheça, vale dar uma olhadinha no site dos caras aqui

Então, como eu estava dizendo, a música, das antigas e das boas, tava na minha cabeça chacoalhando justamente por causa dessa coisa amerizanizante que a gente tem o mau hábito de levar. A letra diz tudo o que eu tentei dizer no texto do Violas Cariocas, só que de forma mais bonita, mais melodiosa e mais Almôndiga!

Segue o vídeo. Aliás, não encontrei o vídeo em nenhum lugar no youtube, então fiz eu mesmo uma sequência de imagens dos discos dos caras e botei a música de fundo, pra vocês ouvirem. Espero que gostem! Vale a pena. Eu gosto muito!

Olha o vídeo aí, clica!



E a letra:

Daisy My Love, Almôndegas
(Kledir Ramil)

Eu conheci uma garota genial
Americana com uma calça Levi Strauss
Com um Gillete, Coca Cola e Chevrolet
Miami beach, Jacqueline e chiclet
Daisy, Daisy, mailó...

Daisy depois de conhecer o carnaval
Ficou com cara de uísque nacional
Como pandeiro, Petrobras e Nescafé
Caneta Bic, Três Fazendas e Pelé
Daisy, Daisy, mailó...

Se alguém disser que tu és Deise, meu amor...
eu digo: (assovio)
Se alguém disse que tu és Deise no Brasil...
eu digo: (assovio)
Daisy, Daisy, mailó...




Espero que gostem, deixem suas impressões nos comentários!

Aquele abração e até a próxima!!!


Gustavo Alvaro

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Viola Bacana!





Olá, gente boa! Tudo bom? Só pra começar, antes de alguns vídeos, algumas idéias.


Esse blog é novo. Se o amigo puder, prestigie também minha coluna de viola, no portal crônicas cariocas! É a coluna Violas Cariocas! http://www.cronicascariocas.com.br/violas_cariocas.html

Trabalho com viola caipira, música regional, não se restringindo somente a isso, que é o que verão nesse blog, onde pensei em reunir vídeos, idéias, parcerias e produtos musicais que vão brotando.

Além de música, trabalho também com uma coluna semanal de crônicas sociais, com um sutil humor sobre algum fato que chamou atenção na semana. Se o amigo se empolgou, prestigie:

Parando por aqui, gostaria de deixar também o convite à leitura dos meus textos poéticos, no recanto das letras. Prestigie só esse, juro que parei

Por hoje é só, em breve aparecerão vídeos, comentários, cifras: música.


Obrigado!


Gustavo Alvaro